' ( ... ) e as palavras mais bonitas são ditas ou escritas ao sabor do vento sem serem pensadas ... deixam um brilho nos olhos de quem as ouve ou lê e uma réstia de esperança em quem as diz ou escreve ... quem me dera que a minha vida fosse repleta dessas palavras . '
Aviso : todos os textos que serão aqui colocados , são da minha autoria . se alguém quiser tirar um , peça - me primeiro , caso contrário é plágio . todos eles são histórias verídicas .

domingo, 2 de dezembro de 2012

fracassos #2

Olá.
Hoje a minha mãe teve que fazer um almoço para cerca de 42 pessoas. Era um família. Irmãos, irmãos, filhos, filhas, sobrinhos, sobrinhas, netos e netas.
É um almoço que a família tem a tradição de fazer todos os anos, sempre pela mesma altura. É uma altura de se juntarem todos perto do Natal, eu acho.
Sabem? O ar estava repleto de união, amor e carinho. Ver uma família tão unida, ver pessoas a mostrarem a outras o quando gostam delas...
Foi difícil.
Sabem? eu não sei. Não sei o que é ter uma família, não sei o que é juntá-la toda na mesma mesa e conviver.
Não sei e no final, fracassei. Pensei em como tudo era há 6 anos atrás. Lembro-me vagamente de passar-mos o Natal todos juntos. Mas quem somos nós hoje, passados 6 anos? Continuamos a ser da mesma família?

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

passo em frente - #3ª secção

"-mãe, posso entrar nos escuteiros?
lembro-me do primeiro dia de actividade como se fosse hoje. não sabia como me devia pôr na formatura, tinha vergonha de perguntar alguma coisa aos chefes, tinha medo de fazer alguma coisa mal e não tinha coragem de me aproximar da sala dos pioneiros. mas depois veio o hábito, começou a sair tudo de uma forma natural. desde o primeiro momento que me colocaram sup
er à vontade, desde o primeiro momento que senti que não estava de todo a mais, desde o primeiro momento que sempre me senti parte da família. fui-me descobrindo. descobri um lado meu que jamais ninguém conhecera, aliás, nem eu própria tinha conhecimento da sua existência. descobrir alguém forte, lutadora, com objectivos a cumprir, metas a atingir. alguém que não se importa com o que os outros dizem ou pensam, alguém que aprendeu a sorrir de novo. fui melhorando, evoluindo, avançando. fiz coisas que nunca pensei ser capaz de fazer, mostrei aos outros do que era capaz, venci. não desisti, não, isso era impensável e nem dos meus planos fazia parte tal coisa. descobri que consigo ser uma força da natureza. é verdade, nunca pensei. assim que colocaram o meu querido companheiro no meu pescoço, senti que algo bom estava para vir e a aventura ainda mal tinha começado. senti-me completamente da família, finalmente. no acanac, cheguei ao meu maior objectivo e foi a dobrar. foi-me confiado o cargo de sub-guia (que ainda hoje agradeço vezes sem conta). foi um orgulho, foi uma coisa pela qual lutei actividade após actividade. lembro-me perfeitamente de ouvir os chefes a dizerem-me "tens tudo o que é preciso num escuteiro, é claro que vais fazer a promessa de exploradora.". imaginem só, amanhã já passo para pioneira. um grande obrigado a toda a expedição que desde o primeiro momento que lá esteve, um grande obrigado a todos os chefes que me ensinaram tudo o que sei hoje (chefe Tó, chefe Teresa e chefe Anita, em especial.). Obrigada, obrigada por tudo. Scouts ♥"

sábado, 29 de setembro de 2012

fracassos #1

Olho para o espelho e só vejo uma pessoa fraca. Quantas vezes não quis já desistir? Quantas vezes não quis já acabar com tudo o que tenho, sem pensar em todos aqueles que sempre estiveram comigo? Quando vezes não perdi já as forças? Quantas vezes não baixei já os braços? Quantas vezes já dei por mim a chorar no meio de tanta gente? Quantas vezes já me levantei e coloquei um sorriso falso para não ter que dar explicações a quem finge importar-se comigo?
É verdade. Aquela menina sorridente que responde sempre 'Está tudo' à pergunta 'Tudo bem?', pode não existir. No fundo, eu sou uma rapariga fraca, desistente, irritante e que apenas quer acabar com toda esta dor. Sabes o que é perder alguém que amas muito? Compreendes-me? Será que sim? Será que não?
Não sei se deva continuar com isto. Talvez deva apenas colocar um ponto final. Acabo com o sofrimento e com sorte posso estar de novo junto a ti. Mas espera... E todos aqueles que me amam? Vou abandoná-los assim? E todos aqueles que só querem morrer, todos aqueles que querem fazer o mesmo que eu? Vou servir de exemplo? Todas aquelas princesas que com pequenas palavras eu já ajudei e até aquela rainha que já aguentou uma semana e picos sem cortar-se depois de ler o que eu tinha dizer-lhe? Vou deixá-las agora? Desistir assim delas? Não. Vou levantar-me, lavar a cara e colocar um sorriso. Falso ou não, é um novo dia.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

reencontros . #1

"Domingo, dia 23 de Setembro de 2012.
Hoje a minha mãe pediu-me para ir com ela àquele sítio. Hesitei, bati o pé, mas acabei por não ter escolha. Lá fomos nós. É perto de onde vivemos, podemos ir a pé. O Verão foi-se embora e o Outono trouxe logo o Inverno atrás. Durante todo o caminho o vento gelado bate na minha face, fazendo-a congelar. Chegámos. Como sempre nestes últimos quatro anos, vou dar uma volta mais longa para não ter que passar à tua beira e sento-me no chão em frente à casa da Vovó que a minha mãe começa a limpar. Termina. Limpa a do Bisavô. O tempo não passa e os meus olhos teimam em fugir na direcção da tua casa. Eu não quero, não quero sofrer, não quero viver o fim. Não me sinto preparada e para ser sincera, nem quero sentir-me. A mãe dirige-se à outra ponta do local onde estávamos, mas eu permaneci no mesmo sítio, sempre a olhar em frente. De repente alguma coisa me fez levantar. A verdade é que era como se precisasse de me aproximar de ti. Comecei a caminha em direcção à tua casa. Pela primeira vez em quatro anos tinha tido coragem suficiente para fazer isto. "Em memória de Edgar (...)". Dor. Medo. Fragilidade. Foi tudo o que senti naquele momento. Mas não podia esperar mais. Olhei para a tua fotografia. Apercebi-me que era o fim, tudo tinha acabado. Tu não estavas em clínica de reabilitação nenhuma, tu não estavas fora. Tu simplesmente não vais voltar nunca mais. Nunca. Uma palavra tão forte. Sento-me à tua beira e começo a falar contigo à medida que todas as perguntas começam a surgir automaticamente na minha cabeça.
"Olá padrinho. Onde estás tu? Estás bem? Já conseguiste largar o vício? Isso aí tem Skatepark? És feliz? Sentes a minha falta? Amas-me? Orgulhas-te em mim? Estou a sair-me bem? Olhas por mim? Porque é que tiveste que partir assim tão cedo? Tu não merecias, eu sei que não. Não te peço que seja já, que seja hoje, mas espero que um dia consigas compreender o porquê de não ter ido ter contigo mais cedo. Quando tentei ir já era tarde demais. Espero que um dia possamos recuperar juntos todo o tempo perdido. Espero que um dia possa voltar a sentir-me segura no calor dos teus braços. Espero que um dia tenha o prazer de voltar a ouvir essa voz a dizer-me 'Amo-te muito pequena.'. Espero que um dia voltemos a ficar juntos, como dantes. Espero que um dia tudo isto mude, e que sejamos felizes para sempre. Até lá, eu vou sobrevivendo. Vou sofrendo. Vou chorando. Eu só queria que estivesses aqui, mas não estás. Eu só queria que me reconfortasses, mas não podes. Amo-te muito."
A mãe chega ao pé de mim e vamos embora. Chego a casa e corro para o quarto, onde me fecho a chorar. Até me faz bem e de vez em quando é preciso. Acalmo-me e vou buscar o álbum das fotos do baptizo. Há uma que me chama a atenção. Somo nós. Perto um do outro. Pego numa folha e numa caneta e começo a escrever. Sinto que estou a tornar-me repetitiva, mas o problema é não conseguir viver mais histórias que possa descrever.
"partis-te. já não te ouço, já não te vejo, já não te sinto. já não me metes ao colo, já não me metes às cavalitas, já não me metes de cabeça para baixo, já não andas comigo de skate. já não me dizes que sou a melhor afilhada do mundo, já não me dizes que vais ficar comigo para sempre, já não me dizes o tamanho do orgulho que tens em mim. já não cantas comigo, já não danças comigo, já não sorris c
omigo. o brilho dos meus olhos e parte de mim foram contigo, acredita. não acredito que nunca mais vou ouvir as batidas do teu coração, ou simplesmente a tua voz grossa, mas rouca. não consigo acreditar que nunca mais vou agarrar-me ao teu pescoço, colocar a mão junto do teu coração e dizer-te 'amo-te muito, padrinho.' . eu perdi o meu herói, mas não perdi o amor e orgulho que tenho por ele. sempre lutaste, sempre tentaste encontrar uma saída, mas a vida não te deixou. amo-te, aconteça o que acontecer, estejas onde estiveres.
p.s.: olha por mim, cuida da vóvó aí em cima e esperem por mim, por favor!"
Por hoje chega. Está na hora de por um sorriso na cara e tentar ser forte. Mais uma vez. Até ao fim da minha vida."

domingo, 22 de julho de 2012

confissões . #1

sou tímida , sou confusa , sou alegre , sou divertida , sou simpática , sou impaciente , sou irrequieta , sou ansiosa , sou nervosa , sou insegura . tenho medo . medo do mundo , medo de viver , medo das pessoas , medo do que pode acontecer , medo de mim mesma . sou a Catarina , tenho 14 anos , escrevo desde cerca dos nove .  escrevia por mera diversão , sem qualquer tipo de objectivo , sem qualquer tipo de interesse especial . era apenas uma forma de passar o tempo mais rapidamente . aos onze , escrevia praticamente todos os dias . escrevia frases soltas , palavras abstractas , que acabava por juntar e formar texto de duas a três páginas . foi nessa altura que comecei a mostrar os meus textos , aquilo que produzia , à minha família . sempre  me disseram que adoravam , mas sempre pensei que o dissessem apenas por serem simpáticos . comecei a acreditar em todos eles quando as minhas professoras de português ficavam de boca aberta a olhar para as minha composições nos testes , entre outras coisas . deixei de tratar isto como uma brincadeira , como um passatempo . passei a pegar na caneta ou movimentar os dedos no teclado , com todos os sentimento daquele momento . e quando as palavras começam a surgir naquela folha de papel ou naquele ecrã do computador , eu entro para um mundo , onde só eu existo . um mundo onde eu posso estar à vontade , um mundo onde ninguém me julga , um mundo onde posso ser eu . acima de tudo , um mundo onde posso escrever o que quiser . só existe uma coisa que nunca fui capaz de escrever acompanhado do verdadeiro sentimento . até hoje , nunca consegui escrever , ' sou feliz ' .

sexta-feira, 20 de julho de 2012

medos . #1

ali estava eu . uma pequena e ingénua criança , sentada no passeio , à espera que o padrinho chegasse com o skate . hoje íamos fazer a descida pela primeira vez , estava super entusiasmada ! ouvi a porta da casa dele a abrir e corri para o seus braços . no mesmo instante , ele fez o favor de me colocar às suas cavalitas e lá fomos nós , até à tão esperada descida . era provavelmente a descida mais reduzida da aldeia , mas para mim , era como se fosse a saltar de um penhasco . tinha apenas seis anos , mas o skate já era uma enorme paixão . para melhorar , o meu padrinho fazia o favor de me alimentar essa paixão cada vez mais , a cada dia que passava . ficámos os dois sentados no skate e ele deu um pouco de balanço com os pés . lá fomos nós , com os cabelos no ar , acompanhados dos meus belos gritos histéricos . depois de horas e horas de brincadeira , lá voltámos a casa . éramos vizinhos , as nossas casa eram separadas apenas por uma parede que eu fazia o favor de pular sempre que ia ao seu encontro . a seguir ao jantar , foi isso mesmo que eu fiz e corri até à janela do seu quarto que ele prometera ter sempre aberta para me receber . aquele que eu julgava ser o melhor dia da minha vida por ter feito uma descida com o skate , transformou - se automaticamente no pior , quando olhei para dentro do seu quarto e o vi a injectar - se . ele não notou na minha presença pois estava de costas para a janela . eu não gritei , não falei , não me mexi , não chorei , não sorri , não fiz absolutamente nada . apenas o observei com o maior cuidado possível . passados meros segundos que na altura me pareceram anos , ele caiu no chão , ao canto do quarto e começou a gritar de dor . aí sim , as lágrimas começaram a escorrer automaticamente pelo meu rosto . a certa altura , ele olhou - me nos olhos , ainda gritando . senti - me tão inútil que é impossível descrever . vê - lo ali no chão , a sofrer , e não poder fazer nada . tive a necessidade de fugir dali . saí de cima da pedra que me permitia pular pela janela e quando estava a pôr o pé direito no chão , ouvi - o chamar por mim e dizer - me para esperar . eu disse - lhe que estava ali , que não ia deixá - lo . eu não queria vê - lo a sofrer , não queria . sentei - me no chão junto à parede , com a cabeça entre o joelhos , até que o senti à minha beira . levantou - me , pegou - me ao colo e prometeu que iria ficar comigo para sempre ...